segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Apesar da vitória do não, esta eleição mostra claramente que há uma forte divisão do Pará.



Constatação - População das regiões “separatistas” apoiaram a proposta, mas os votos não foram suficientes para dividir o estado em três. Apesar da vitória por larga margem da frente que defende a manutenção do atual território, o fato é que o Pará votou dividido

Raimundo Paccó/AE / Moradores de Belém votaram contra a divisão: 65% do eleitorado paraense estão na região da capital do estadoMoradores de Belém votaram contra a divisão: 65% do eleitorado paraense estão na região da capital do estado
PLEBISCITO

Apesar da vitória do não, esta eleição mostra claramente que há uma forte divisão do Pará


Constatação - População das regiões “separatistas” apoiaram a proposta, mas os votos não foram suficientes para dividir o estado em três


O “não” à divisão do Pará foi a opção vitoriosa no plebiscito realizado ontem, no qual os eleitores foram consultados sobre a formação de dois novos estados. Com 75% dos votos apurados, 69% se declararam contra a criação de Carajás e 68,5% contra Tapajós.
 

Apesar da vitória por larga margem da frente que defende a manutenção do atual território, o fato é que o Pará votou dividido. A proposta de divisão foi abraçada com entusiasmo pelos eleitores das regiões que poderiam se separar. Em Santarém, principal cidade da região oeste, a criação de Tapajós recebia 98% dos votos no início da noite. Em Marabá, a frente pró-Carajás colhia quase 94% dos votos.


Mas Santarém, Marabá e as demais cidades das regiões separatistas concentram apenas 35% do eleitorado – ou seja, na prática, a consulta foi decidida pelos 65% que estão em Belém ou áreas próximas e que, durante a campanha, demonstraram contrariedade com a perda de território e recursos naturais resultante de uma eventual divisão. Na capital, o “não” conquistou 95% do eleitorado.  (Em algumas cidades do sul do estado, aconteceu o contrário, em Rio Maria por exemplo, o SIM obteve 98% dos votos válidos)



Para complicar ainda mais a situação dos separatistas, as principais cidades do interior apresentavam taxas de abstenção superiores às da capital.
Na tentativa de contornar o problema da escassez de eleitores, os separatistas recorreram ao Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo que o plebiscito ocorresse apenas em Tapajós e Carajás. No fim de agosto, porém, o tribunal decidiu que todo o Pará deveria ser consultado.


Para os defensores do “sim”, foi uma derrota judicial e também política. Segundo o deputado federal Zenaldo Coutinho (PSDB-PA), coordenador da campanha do “não”, a tentativa de alijar Belém e cidades próximas praticamente unificou esse eleitorado contra a proposta separatista. “Quiseram fazer tudo na surdina, nós nos sentimos traídos”, afirmou Coutinho.

Com o início do horário de propaganda na televisão, há um mês, as frentes pró-Tapajós e pró-Carajás fizeram programas voltados à conquista do eleitorado da capital e arredores, mas a resistência ao discurso separatista só aumentou, conforme pesquisas feitas desde então.


Minério
Do lado oposto, não foi difícil para os defensores da manutenção do atual território difundir as teses de que a divisão deixaria o Pará mais fraco, pois o estado perderia o controle dos recursos naturais – principalmente minério – abundantes no sul. “Eles [os separatistas] queriam ficar com tudo, menos com as dívidas do Pará”, disse Rosinaldo Gonçalves, motorista de caminhão e morador da capital paraense, que ontem votou pelo “não”.

Na capital paraense, os eleitores encontraram poucas filas e votaram com rapidez, já que só era necessário digitar dois números – uma resposta sobre a eventual criação de Tapajós e outra sobre a criação de Carajás. Muitos votaram vestindo a camisa vermelha com o desenho da bandeira do Pará – item cuja venda explodiu a partir do início da campanha do plebiscito.

A previsão do Tribunal Re­­gional Eleitoral (TRE) era divulgar o resultado final da votação antes da meia-noite de ontem.(.....)




Fonte:
A Gazeta do Povo, coluna Vida Pública(12/12/ 2011)

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