EM COMPENSAÇÃO.....
Eu tinha vontade de escrever um artigo sobre isso, do tipo: "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come."; e este surgiu de algumas constatações sobre as diferenças nas cidades e estados brasileiros, sobre o que tem e o que falta em cada cidade. Eu estava em São Luís- MA, visitando meu grande amigo Pr. Hugo Oliveira, quando ele me propôs que para voltar ao Pará, já que eu ainda ia para o Norte do Pará, e mais precisamente para Bragança, eu deveria “cortar” caminho na volta e, Hugo me disse: __volte pela Balsa, assim voce economiza, deixando de percorrer 200 Km; no principio achei ótima a idéia, fui fazer cálculos e descobri que a economia chegava a no máximo R$ 50, 00, porque na balsa os passageiros no carro também pagam a travessia e o valor de um carro de passeio é de 60 reais, outra questão era que a estrada da "baixada" não era tão boa pra trafegar como a BR “por fora”, descobri que o tempo ganho era de apenas 30 minutos e que as passagens tinham que ser compradas um dia antes para garantir vaga na primeira balsa, acabei desistindo da "economia"; levando-se em conta o sal que ainda contamina o veículo.
Então passamos a discutir e a observar que o preço caro das balsas e passageiros servia para "compensar" a possível vantagem destas sobre o trecho longo só de estradas boas, é isso, parece uma espécie de "Lei Sarney", assim como Sarney desviou a estrada de ferro para o Maranhão, para compensar a pobreza deste estado, e foi bom isso. Estava conosco outro amigo que já havia morado no Pará.
Vamos ver alguns fatos desta lei da compensação - No Pará há emprego bastante para os maranhenses, eles migram em massa para este estado, que é rico, possui mais empregos e oportunidades, porém em compensação o Pará é muito, muito mais desorganizado. A lei da compensação no Norte do Brasil é interessante, vemos o caso do Tocantins, onde as pequenas cidades são tão limpas, simpáticas, calmas, ruas bem pavimentadas, há saúde boa para os citadinos, porém não há bons empregos, a não serem os públicos, então se vê que essas benesses públicas são a “compensação” pela falta de emprego e negócios.
Bandeirante, uma pequena cidade do Tocantins, limpa, organizada e sem emprego tem uma agência do Bradesco, é pequena, mas tem caixa eletrônico e um simpático gerente daqueles que procura resolver tudo. Na cidade onde moro, em Floresta do Araguaia, sul do Pará, que é o maior produtor de abacaxi do Brasil, tem 2 mineradoras, emprego a vontade, um alto índice de motocicletas, porém não tem nenhuma agência bancária, algo tão comum nas cidadezinhas do Maranhão e do Piauí , como pode ser isso ??, É a compensação por termos emprego e negócios mais vibrantes, não temos Bancos, só postos. Temos em Floresta 2 lotéricas, 2 pontos de Bradesco, um posto do Banpará e os correios é claro, ruas esburacadas há a vontade, mas tem emprego, ai o povo não sente muito.
Vamos a Parauapebas no Pará, a segunda cidade que mais cresce no Brasil, lá é bom, tem emprego e aluguéis com preços estratosféricos, sem universidades expressivas e sem cursos de engenharia de minas e geologia, mas sendo a principal província mineral do estado e isto já há décadas. É a compensação.
Então, se num estado há pobreza e não há empregos, compensa-se com saúde e pavimentação; se outro estado é "rico", tem emprego e cresce; não se faz muita coisa porque o povo não vai sair de lá mesmo, tudo isso é pensado e calculado em Brasília, alguém diz, __”os paraenses tem empregos e negócios bons, vamos pavimentar as regiões pobres do Piauí, eles é que são necessitados, isso é socialismo companheiros”.Mas estados como o Tocantins como exemplo, além da falta de empregos, tendo terras ruins, se eles não tivessem saúde pública boa, escolas e cidades bem cuidadas, aquilo lá seria um deserto, o povo viria todo para o Pará, ou para São Paulo.
Lembre-se, quando voce passar por um buraco em nossas estradas paraenses e cortar o pneu, perdendo o aro, lembre que isso é a compensação do governo por que voce tem emprego e é mais livre para negociar, ai voce compensa a raiva indo passar as férias em Goiás ou nas praias de São Luís do Maranhão.
Pedro Paulo Barbosa
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